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Menos de um ano para viver

“Vocês não sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa” (Tg 4.14).

O livro de Ester descreve a história dos judeus no cativeiro sob o Império Persa por volta do séc. V a.C. Longe da terra natal o povo foi ameaçado de exterminação por todo o império. Hamã, nobre do rei Xerxes, passou a perseguir os judeus. Foi definida uma data para exterminá-lo. O povo tinha onze meses até a data da execução do plano (Et 3.5-8, 13; 9.1-2).

Aquela decisão alterou o estilo de vida daquelas pessoas. Ester, que era judia, estava no quinto ano de seu reinado. Ela mobilizou seu povo através de seu primo Mardoqueu para que jejuasse em seu favor por três dias e três noites. Ela e suas criadas fariam o mesmo. Depois disso ela iria falar com o rei sob risco de ser morta, mas estava disposta para isso (Et 4.15-17).

Onze meses esperando a execução de uma decisão real para exterminar seu povo. Imagine o que aconteceu com a agenda, os planos, o lazer, a devoção, o trabalho, o dinheiro, os sonhos, as conversas, e tudo o mais na vida daquele povo. Aqueles meses foram marcantes em suas vidas.

As reações são as mais diversas diante da morte iminente. Alguns se desesperam e querer mudar tudo, corrigir tudo de errado que foi feito. Outros, se mantém praticamente como antes, como aconteceu com São Francisco. Alguém lhe encontrou trabalhando no jardim e lhe perguntou: “O que o senhor faria se soubesse que morreria dentro de dez minutos?” São Francisco respondeu: “Terminaria esta fileira”.

O que mudaria em sua vida se tivesse apenas alguns dias para viver? Não temos como negar que cada segundo que passa isso se torna mais possível. A hora que passou nunca mais se repetirá. Isso deveria alterar nosso estilo de vida, nos concentrando mais naqueles que amamos, em nossa relação com Deus e no cumprimento de nosso propósito nesta vida.

Saber que esta vida é tão passageira, deveria nos levar a focar sempre naquilo que é mais importante.

Viver e morrer por uma causa

“Eu já estou sendo derramado como uma oferta de bebida. Está próximo o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé” (2 Tm 4.6-7).

Há alguns anos li sobre uma clássica história da guarda costeira americana. O capitão Pat Etheridge da base naval do Cabo Batterne, foi avisado pelo vigia que um navio encalhado numa área perigosa pedia socorro a quinze quilômetros da costa. Isso aconteceu em meio a um ruidoso furacão. Quando o capitão deu a ordem para serem lançados ao mar os barcos salva-vidas, um dos marinheiros reagiu com protestos dizendo: “Capitão Pat, talvez consigamos chegar lá, mas não vamos poder voltar”.

A resposta do capitão ficou na história, e serve de lição, inclusive aos que vivem pela causa do Evangelho de Cristo. Ele disse: “Rapazes, não temos que voltar”. Isso me faz lembrar de um discurso de Krushchev na Praça Vermelha em Moscou. Ele falou para os soldados do exército russo: “Vocês são todos homens mortos!”. Ele queria dizer para aqueles militares que a vida deles pertencia ao partido. Depois ele acrescentou: “Agora, vão pelo mundo e provem isto!”. As motivações podem variar, mas pessoas estão dispostas a se entregarem a causas nas quais elas acreditam.

Ser cristão é viver totalmente comprometido com o Senhor Jesus Cristo. Quem entrega a vida para ele não tem o direito de definir dias, horários e locais que vai lhe oferecer. Ele deve ter o primeiro lugar sempre e nossa submissão a ele deve ser incondicional. Ele faz severas exigências aos seus seguidores. Se os soldados dão a vida por razões patrióticas, seria demais captar que a consagração total seja a característica do discípulo de Jesus?

Vamos lembrar algumas palavras de nosso Soberano Senhor: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23). “Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo” (Lc 14.26).

Viver e morrer por Jesus é uma escolha deliberada. Ninguém será herói deste mundo vivendo assim.

Vendo claramente o cisco

“Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão” (Mt 7.5).

Percebi precisar de óculos quando olhei para um relógio de parede e não soube as horas. Tomei as devidas providências. Lembro-me que ainda na ótica olhei para o outro lado da avenida para testar a nova visão e fiquei maravilhado com a clareza das imagens. Não estava como o cego que Jesus curou, mas, desde aquele momento “via tudo claramente” (Mc 8.25).

Jesus usava de hipérbole para chamar a atenção de seus ouvintes. No Sermão do Monte, ele disse para não julgarmos, para que não sejamos julgados. Certamente Jesus não estava proibindo o uso de critérios sãos. O que se proíbe é o uso de críticas apenas para aumentar o erro alheio. Quantas vezes enfatizamos o erro do irmão, que é como um cisco no olho, mas ignoramos os nossos erros que são como um tronco em nosso olho.

Jesus não censurou a intenção de corrigir alguém, mas disse que devemos primeiro cuidar de nossa vida. Assim fazendo, teremos maior facilidade em ajudar aos outros. Ajuda, quem ajuda-se. Sem o tronco em meu olho, posso ver claramente o cisco no olho do meu próximo. Caso contrário, estarei sendo hipócrita, querendo corrigir sem corrigir-se (Mt 7.1-5).

Quando usamos a mão para apontar o erro de alguém, três dedos são apontados para nós e um para Deus. Experimente fazer esse gesto agora mesmo e verá a lição. Devemos ser mais complacentes ao invés de tão intransigentes no trato com as pessoas. Vivemos numa sociedade cada vez mais egoísta. As pessoas estão sendo substituídas pelas coisas, e cada um anda pelo seu próprio caminho (Is 53.6). Gostamos de realçar o erro alheio.

O período mais decadente da história de Israel, foi quando “cada um fazia o que achava mais reto” (Jz 21.25). Quando cada pessoa se torna seu próprio referencial de vida, a sociedade está prestes do caos. Amando a mim mesmo, amarei o meu próximo (Mt 22.39). O amor não se isola.

Quando o tronco for retirado de meu olho, verei o cisco no olho de meu irmão com outros olhos.

Desejando boa saúde

“Amado, oro para que você tenha boa saúde e tudo lhe corra bem, assim como vai bem a sua alma” (3 Jo 2).

“Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30.5). Nesta madrugada acordei e minha esposa já tinha se levantado porque nossa caçula não passava bem. Continuei deitado, mas logo levantei. Ficamos com ela, orando, animando-a, massageando-a e conversando. Esperamos antes de ir ao hospital. Quando o dia estava amanhecendo ela melhorou e finalmente dormiu. Isso nos encheu de alegria e descanso.

Ela passou o dia deitada. No início da noite não estava suportando. Fomos ao hospital para os devidos procedimentos. Depois de três horas voltamos para casa. Sua melhora era considerável, apesar da fraqueza por falta de alimentação. No hospital tivemos que pagar tudo. Gostamos do atendimento para nossa filha, apesar da frieza do médico. Infelizmente o profissionalismo anda falando mais alto que as relações interpessoais.

Desejar a boa saúde de nossa filha hoje me trouxe algumas reflexões. Perguntaram ao evangelista D. L. Moody, por que ele precisava ser constantemente enchido com o Espírito Santo, e ele respondeu: “Porque eu tenho um vazamento!”. Também temos vazamentos e precisamos da graça de Deus em nossas vidas. Minha caçula descuidou-se da alimentação e pegou uma virose. Às vezes o nosso vazamento está nos relacionamentos, nas finanças, na vida devocional, na vida familiar, na fidelidade, nos compromissos, nas conversas, na pontualidade, no desempenho do trabalho, e em tantas outras áreas que nos envolvem.

Está escrito: “Enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). Interessante é que o tempo do verbo “encher” está no presente. Precisamos constantemente nos enchermos do Espírito Santo para termos saúde integral, como é a vontade de Deus. Minha filha foi consultada, fez exames, foi medicada, observada, e voltou bem melhor para casa. Além do médico, devemos buscar a Deus. Uma vida saudável deve ser cultivada. Vazamentos existem.

Saúde é mais que um bom condicionamento físico, é o bom condicionamento integral da pessoa.

O Deus que guia

“Mas tu, Belém, da terra de Judá, de forma alguma és a menor entre as principais cidades de Judá; pois de ti virá o líder que, como pastor, conduzirá Israel, o meu povo” (Mt 2.6).

Em minha leitura devocional de hoje, chamou-me a atenção o relato bíblico da visita dos magos ao menino Jesus. Eram prováveis astrólogos da Pérsia ou do sul da Arábia. Foram até Jerusalém porque procuravam o recém-nascido rei dos judeus.

O que achei interessante foi a maneira detalhada como Deus os guiou. Ao chegarem a Jerusalém, chamaram a atenção do rei Herodes e de toda a cidade. Entendeu-se que se tratava do cumprimento de uma profecia bíblica. O líder, o pastor e guia dos judeus nasceria em Belém de Judá (Mt 2.6). Deus usou uma estrela para guiá-los. Jesus foi anunciado como uma estrela que surgiria de Jacó. Ele mesmo se declarou como a resplandecente Estrela da Manhã (Nm 24.17; Ap 22.16). Deus continuou guiando-os através da estrela até o lugar onde estava o menino (Mt 2.9).

Mas Deus não apenas os guiou por onde ir, mas também aonde deveriam chegar. E mais do que isso, ele os orientou por onde não deveriam voltar. Nem sempre por onde se vai, é por onde se deve voltar. E nem sempre por onde se quer ir, é por onde se chegará. Quando o apóstolo Paulo tencionava ir para um determinado lugar, o Espírito Santo o impediu, guiando-o em outra direção (At 16.6-10).

Deus quer nos guiar nas veredas da justiça por amor do seu nome (Sl 23.3). Devemos reconhecê-lo em todos os nossos caminhos, e ele endireitará as nossas veredas (Pv 3.6). Ele quer ser o nosso guia até o fim (Sl 48.14).

Quando Abraão deixou a sua terra por ordem divina, ele não sabia para onde estava indo, mas sabia que Deus estava com ele. É isso que precisamos aprender para melhor viver. Nesses dias de tantos guias cegos (Mt 23.16), devemos nos apegar ao fato de que Cristo é o nosso único guia (Mt 23.10). Muitas vezes ele nos guia através de pessoas idôneas (Hb 13.7, 17). Independentemente de como isso acontece, o Senhor determina os nossos passos (Pv 16.9; 20.24).

Não importa quantas curvas eu tenha que fazer, Deus me espera em cada esquina.

Quatro estágios para adquirir hábitos

"Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada" (Lc 10.42).

A vida é feita de hábitos. Como dizia Aristóteles: “Nós somos o que repetidamente fazemos. Portanto, a excelência não é um feito, mas um hábito”. Todos conhecem a expressão que diz: “Pensamentos tornam-se ações, ações tornam-se hábitos, hábitos tornam-se caráter, e nosso caráter torna-se nosso destino”. Demora cerca de três semanas para você se habituar com um novo desafio. Então mais três semanas antes de se tornar um hábito confortável. A maturidade passa pelos hábitos.

Em seu livro “O monge e o executivo”, James C. Hunter fala de quatro estágios necessários para adquirir novos hábitos ou habilidades. Nem sempre gostamos de fazer o que devemos fazer, até que nos disciplinemos para isso. Os estágios são:

1. Inconsciente e sem habilidade. Neste estágio a pessoa não tem noção do comportamento e do hábito a ser adquirido. Ela não tem interesse em aprender e por isso se encontra despreparada para fazer algo proposto.

2. Consciente e sem habilidade. Aqui a pessoa já tem consciência de um novo comportamento a ser adquirido, mas não tem habilidade para praticá-lo. É como um aluno de música diante de um teclado, mas sem domínio das notas musicais. Já criou gosto pela coisa, mas sem domínio da arte.

3. Consciente e habilidoso. Nesse estágio a pessoa já se sente confortável com o novo hábito. Aqui o pianista não precisa mais olhar para o teclado. Pode se dizer que neste estágio a pessoa sabe fazer bem o que se empenhou a fazer. Aqui existe segurança no que se faz.

4. Inconsciente e habilidoso. Esse é o estágio final de um novo hábito. Aqui já não se pensa para fazer. É como dirigir um carro, é algo natural. Aqui o pianista não pensa na rapidez com que seus dedos batem no teclado. Tudo acontece com naturalidade de forma quase inconsciente. Aqui a prática já passa a fazer parte do caráter naturalmente.

Os nossos hábitos revelam nosso caráter.

Criados para os relacionamentos

“Façam todo o possível para viver em paz com todos” (Rm 12.18).

O primeiro problema da humanidade aconteceu antes mesmo de qualquer erro cometido. A solidão, o que a Bíblia chama de "uma situação absurda" (Ec 4.7-8). O Senhor Deus declarou: "Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda" (Gn 2.18). Geralmente se fala da solidão de Adão no jardim do Éden como uma necessidade conjugal. Mas sua solidão não se limitava apenas a isso. Eva não foi criada apenas como uma esposa, mas também como uma amiga, uma irmã, alguém que lhe fizesse companhia constante. Fomos criados para os relacionamentos. Deveríamos dizer sempre: "Sozinhos, NÃO!".

Fui convidado para participar de um evento ecumênico dando início às comemorações do dia da consciência negra e uma homenagem aos artesãos de uma comunidade ribeirinha. Foi agradável levar uma reflexão bíblica juntamente com um frei católico. Ambos compartilhamos sobre a data comemorada, rejeitando toda espécie de discriminação, seja ela racial, econômica, religiosa, ou de qualquer outra espécie. A Bíblia diz que em Cristo as diferenças raciais, sociais, sexuais, se unificam (Gl 3.26-29). No final da história humana tudo vai convergir para Cristo, tanto as coisas do céu como as da terra (Ef 1.10). Deus criou um mundo diverso dentro de um universo. Precisamos valorizar a unidade na diversidade. Isso se aplica diretamente aos relacionamentos, nos quais devemos investir (Rm 12.18).

O falecimento recente de uma irmã na fé levou nossa comunidade cristã a considerar a importância dos relacionamentos. Que não esperemos que os nossos queridos morram para lhes dar a devida importância. Está escrito que "consideremos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras". E mais: "Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia" (Hb 10.24-25). Que Deus abençoe nossos relacionamentos e que jamais troquemos as pessoas pelas coisas, o que é tão comum em nossos dias de materialismo. Priorizar as pessoas é uma decisão, independentemente de sentimentos.

Deus criou um mundo diverso dentro de um universo.

Reconhecimento

“Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o reconheceu” (Jo 1.10).

Todos gostam de reconhecimento. Isso é justo e natural. Fomos criados com o senso de valor, de amar e ser amados. Mas o que fazer quando o reconhecimento não acontece? Como agir e reagir? Devemos reclamar isso?

Jesus, de forma singular merece o reconhecimento de todos. Suas credenciais são únicas. “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste” (Cl 1.15-17). “Todos os anjos de Deus o adorem”. E mais: “O teu trono, ó Deus, subsiste para todo o sempre; cetro de eqüidade é o cetro do teu Reino” (Hb 1.6, 8).

Mas, quando Jesus tornou-se humano e viveu entre nós, cheio de graça e de verdade, não foi reconhecido como ele é. Ele foi rejeitado como poucos por muitos. "O mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o reconheceu" (Jo 1.10). O seu povo não o recebeu e ele foi considerado como estrangeiro (Jo 1.11; 8.48); foi tido como louco pela própria família (Mc 3.21); foi expulso da cidade e levado para ser jogado do alto de uma colina (Lc 4.29); quiseram matá-lo bem antes do tempo (Jo 7.1); foi considerado como endemoninhado (Jo 8.48, 49, 52; 10.20); procuraram prendê-lo (Jo 7.30; 10.39); achavam que ele pretendia suicidar-se (Jo 8.22); foi criticado como sendo filho bastardo, nascido de uma relação sexual ilícita (Jo 8.41); quiseram apedrejá-lo (Jo 8.59; 10.31), além de tantas outras coisas injustas atribuídas a ele que nunca pecou.

O criador de todas as coisas foi rejeitado por muitos quando veio ao mundo que criou. Mas ele não perdeu a viagem; cumpriu todo o propósito divino para o qual veio, pois bem sabia quem ele mesmo era, de onde veio e para onde iria. Um dia todos se dobrarão diante dele (Fp 2.10-11).

O criador do mundo não foi reconhecido quando esteve entre nós, mas nós queremos ser endeusados pelo mundo que criamos ao nosso modo.

O sonho que tive com meu professor

“Aprendam a discernir o que é agradável ao Senhor” (Ef 5.10).

A. W. Tozer dizia que não é difícil agradar a Deus, embora talvez seja difícil satisfazê-lo. Essa é uma compreensão de quem conhece o Deus da Bíblia. Ele é todo justo, mas é também todo amor. Ele é relacionável.

Esta noite sonhei com um de meus professores de teologia. Ele era conhecido como linha dura. No sonho, ele falava para a classe sobre pontualidade, dizendo que a mesma deve ser um padrão permanente em nossa conduta, e não apenas a expressão de uma circunstância. Lembro-me de sua ênfase ao dizer que chegar atrasado a um compromisso não elimina meu princípio de pontualidade por ocasião do atraso, mesmo depois de me desculpar na circunstância em que me atrasei. Deixou claro para todos que pontualidade e fidelidade devem ser sempre parte integrante de nosso estilo de vida e não apenas uma prática circunstancial.

Ao acordar, minha mente se encheu de passagens bíblicas que me fizeram considerar o padrão do Evangelho de Cristo para nós. É fácil viver com Deus, como dizia Tozer. Deus é pessoa, Deus é Pai, Deus é amor, Deus quer ter comunhão com cada um de nós, é verdade. Ele perdoa, ele esquece nossos pecados, ele tem planos bons para nós, ele não nos joga fora, pois não tem lata de lixo. Todas as manhãs suas misericórdias são renovadas em nosso favor. Ele jamais lança fora quem clama por sua ajuda. Ele espera para ter misericórdia de nós. Deus é bom. Deus é amor.

Mas jamais isso quer dizer que Deus é um paizão bonachão. Uma espécie de Papai Noel do céu. Ele é santo e jamais comunga com o pecado. Ele sente por nós mas não é sentimentalista, não faz vista grossa para os nossos pecados nem barganha com a hipocrisia. Nossa parte é viver de um modo digno do evangelho, e sermos santos como ele é santo, pois para isso fomos predestinados, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença, pois, sem santidade ninguém verá o Senhor. Devemos nos ajustar à imagem do Deus santo, e não crer no Deus à nossa imagem.

O caráter de uma pessoa não é conhecido num ato, mas num estilo de vida.

Que tal fazermos um inventário de nossa ira?

“Evite a ira e rejeite a fúria; não se irrite: isso só leva ao mal” (Sl 37.8).

Qual a sua capacidade de suportar incômodos e inconveniências antes de ficar irado? Diante de frustrações e desapontamentos ficamos muitas vezes ressentidos, o que pode gerar em nós uma vida triste e derrotada.

A ira é um sentimento intenso de rancor e ódio dirigido a uma ou mais pessoas em razão de alguma ofensa que nos atingiu. Isso provoca em nós o forte desejo de corrigir algo errado, ataque e até destruição de algo (ou alguém) que nos incomoda. Mas, nem toda ira é pecaminosa. Prova disso é que podemos ficar irados sem pecar (Sl 4.4). É interessante observar que o profeta Jeremias ficou cheio de ira, mas uma espécie de ira santa. Deus mandou que essa ira fosse derramada sobre todas as pessoas que estavam sob o ministério profético de Jeremias. Tratava-se de um juízo de Deus contra o pecado do povo (Jr 6.11). A Bíblia fala da ira de Deus. E a nossa?

Mas, conquanto a ira não seja pecaminosa em si mesma, ela pode facilmente nos levar ao pecado. Devemos ser apressados em abandonar a nossa ira. Até porque quase sempre a ira que se manifesta em nós é voltada para o mal. Nesse sentido devemos atentar para o que a Bíblia diz:

Devemos dominar nossa tendência à fúria (Gn 4.6-7); não devemos procurar vingança nem guardar rancor (Lv 19.18); o ressentimento mata (Jó 5.2); devemos evitar a ira e a fúria; isso só leva ao mal (Sl 37.8); quem facilmente mostra seu aborrecimento é insensato (Pv 12.16); a palavra ríspida desperta a ira (Pv 15.1); o irritável provoca divisões (Pv 15.18); a pessoa muito zangada precisa de disciplina (Pv 19.19); morar com uma mulher briguenta não é fácil (Pv 21.19); evite pessoas de mau humor (Pv 22.24); o tolo expõe a ira, o sábio domina-se (Pv 29.11); o iracundo só dá problemas (Pv 29.22); a ira se aloja no íntimo dos tolos (Ec 7.9); devemos nos livrar da ira (Ef 4.31; Cl 3.8); um líder não deve ser briguento (Tt 1.7); devemos demorar ficar irados (Tg 1.19). Fica claro que a ira dificilmente se manifesta como uma virtude em nós. Você faria um inventário de sua ira?

A ira não nutre, não beneficia, nem aproxima. A ira nos definha, isola, e mata.

Considerando nossos paradigmas

“Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá. Quem semeia para a sua carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna” (Gl 6.7-8). Podemos decidir o que semear, mas não o que colher.

Paradigma, literalmente significa modelo. É a representação de um padrão a ser seguido, é uma forma de ver ou entender algo, um modelo de interpretação, um padrão de referência. Todos nós vivemos de acordo com os paradigmas que adotamos. A vida é vista pelos olhos de nossos paradigmas. Como somos determina como vemos o mundo ao nosso redor. Uma pessoa simples que vive na periferia da vida e que nunca teve oportunidade de desenvolver-se, tem uma percepção do mundo completamente diferente de outra pessoa que é culta e desenvolvida. A idade, a condição da saúde, a condição social, também fazem diferença no modo de encarar a vida. Os paradigmas são jeitos que adotamos para navegar no mar da vida. Daí a importância de considerá-los e avaliá-los.

Mas, acredito que existem padrões absolutos que não dependem de nós e não devem ser mudados. Somos livres para escolher nosso estilo de vida, ter nossas preferências e tomarmos nossas decisões, mas não temos poder sobre as conseqüências dessas escolhas, preferências e decisões. Não controlamos o efeito de nossas decisões. Se seguirmos os padrões absolutos que a vida nos oferece, teremos resultados benéficos, mas se ignorarmos os padrões da Vida, vamos quebrar a cara irremediavelmente. Ninguém altera isso. Por exemplo: se alguém desafiar a lei da gravidade pulando do telhado de sua casa de cabeça para baixo, vai quebrar o pescoço. H2O sempre será água, e assim por diante. Não precisamos criar ou inventar, precisamos apenas descobrir os princípios da vida e viver.

Contudo, precisamos viver de forma crescente, pois a vida é dinâmica, o mundo muda, e podemos ficar para trás, mesmo seguindo na direção correta, assim como um carro que é ultrapassado por outro. Devemos manter alguns paradigmas, mudar outros, e praticá-los de forma renovada.

O mal de nossa sociedade é querer relativizar os absolutos e absolutizar os relativos.

O recomeço pode ser melhor

“Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia” (Pv 28.13). Sempre é possível recomeçar.

Nesta vida somos sempre aprendizes. Tudo o que nos acontece contribui para isso, sejam experiências positivas ou negativas. Os remédios amargos não são menos eficientes que os doces. Deus está agindo em tudo para o bem daqueles que o amam (Rm 8.28). Crer nisso faz toda a diferença.

Um exemplo de recomeço foi Thomas Edison, o gênio inventor americano. Em 1914 seu laboratório que valia milhões foi incendiado com prejuízo total. Enquanto os bombeiros tentavam apagar o incêndio, Edison que tinha 67 anos observava serenamente a cena, vendo o trabalho de toda uma vida ser consumido pelas cinzas. Depois de longo silêncio Edison disse: “Existe um grande valor num desastre como este. Todos os nossos erros são queimados. Graças a Deus e podemos começar tudo de novo”.

É admirável a capacidade de Thomas Edison de começar de novo. Até o incêndio ele tinha passado três anos tentando inventar o toca discos. Três semanas após o desastre ele conseguiu. Às vezes precisamos recomeçar das cinzas para aprendermos que o fogo que consome nossos melhores projetos, pode iluminar nossa mente para algo que até então não tínhamos percebido. Sempre é possível recomeçar, pois, até que desistamos, há uma saída para o improvável. Está escrito que “ainda que o justo caia sete vezes, tornará a erguer-se” (Pv 24.16). Que não venha nenhum incêndio e que ninguém caia. Mas se isso chegar a acontecer, que seja usado como um novo impulso para recomeçar e não para desistir das conquistas.

O filho pródigo (Lc 15.11-32) já tinha assumido o perfil de escravo, mas pôde recomeçar como filho amado e restaurado. Deus tem um banquete preparado para quem caiu, para quem errou, para quem acha que não tem mais saída. Quando a única visão for de folhas secas, devemos lembrar que as raízes ainda estão fincadas e que voltará o tempo das folhas verdes e dos frutos. Nada precisa ser como antes, para os que esperam em Deus.

A mesmice é própria dos cemitérios. Quem está vivo pode recomeçar sempre, e isso pra melhor.

Não se deve amar o mundo

“Adúlteros, vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus” (Tg 4.4).

Existem pelo menos quatro termos gregos no Novo Testamento referentes ao mundo. Existe o mundo “terra”, “chão”; existe o mundo “habitado”, o mundo “tempo e espaço”, e o mundo como “universo material”.

Deus criou o mundo e achou muito bom o que fez (Gn 1.31). “Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem” (Sl 24.1). Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). Isso mostra que “tudo o que Deus criou é bom” (1 Tm 4.4), ele nos “provê ricamente para a nossa satisfação” (1 Tm 6.17). Quando Deus criou Adão e Eva, não os colocou num deserto, mas num jardim agradável com tudo o que precisavam para viverem bem. O mundo que Deus criou é de fato bom.

Então, como não se deve amar o mundo se Deus ama o mundo? Existe contradição entre João 3.16 e 1 João 2.15? Não. Devemos amar o mundo como Deus o ama, o mundo real que Deus criou. Mas, o que pouca gente sabe ou faz de conta que não sabe, é que existe outro mundo embutido nesse mundo que conhecemos e que não devemos amar. É o mundo como sistema pecaminoso, longe dos padrões que Deus estabeleceu. Nesse sentido, “o mundo todo está sob o poder do Maligno” (1 Jo 5.19). Satanás é o deus desta era, ele cegou o entendimento das pessoas para que rejeitem o evangelho que nos aponta o caminho que é Jesus (2 Co 4.4).

O estilo de vida que contradiz o que Deus estabeleceu na Bíblia deve ser rejeitado por todo aquele que confessa o nome de Jesus. Essa foi a primeira mensagem dos apóstolos de Jesus: “Salvem-se desta geração corrompida!” (At 2.40). A ordem é: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). O mundo que a maioria ama, não devemos amar.

“No dia em que o cristianismo e o mundo tornarem-se amigos, o cristianismo deixará de existir” (Soren Kierkegaard).

A Bíblia é o meu diapasão

“Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo” (Cl 3.16).

O diapasão é usado para afinar instrumentos musicais. Ele tem um “tom” que nunca muda. Por isso ser tão importante afinar pelo diapasão. O ouvido apenas não oferece tal segurança, ele engana, o diapasão, não.

A Bíblia deve ser o diapasão na orquestra de nossa vida. Assim como ele não se altera em sua tonalidade podendo oferecer uma perfeita afinação, a Bíblia é por excelência o instrumento de Deus para afinar nossas vidas. “A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho” (Sl 119.105). “Não deixe de falar as palavras deste livro da Lei e de meditar nelas de dia e de noite, para que você cumpra fielmente tudo o que nele está escrito. Só então os seus caminhos prosperarão e você será bem-sucedido” (Js 1.8). Devemos pautar nossas vidas pela Bíblia.

Muitos criticam a Bíblia sem nunca a lerem, outros a lêem apenas como um livro histórico e não conseguem encontrar o sentido que ela tem. Jesus disse para os religiosos de seus dias: “Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito; contudo, vocês não querem vir a mim para terem vida” (Jo 5.39-40). Eles faziam da Bíblia um fim em si mesma. Mas a Bíblia nos aponta para Jesus, que é o centro das Escrituras. Quem perder isso de foco se perderá todo. Jesus é maior que a Bíblia.

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” (2 Tm 3.16-17). A verdadeira educação começa em Deus, pois “o temor do Senhor é o princípio do conhecimento, mas os insensatos desprezam a sabedoria e a disciplina” (Pv 1.7). Informação sem Deus não é educação.

Leia a Bíblia como a Palavra de Deus para a sua vida. Você nunca mais será o mesmo, porque seus caminhos serão iluminados e transformados.

Quando a Bíblia se torna nossa referência de conduta, nossa vida passa a ser agradável como uma bela canção bem orquestrada.

Mesmo na velhice

“Mesmo na velhice darão fruto, permanecerão viçosos e verdejantes” (Sl 92.14).

É bem interessante observar que os justos (pessoas que vivem na dependência de Deus) crescem e florescem. Mesmo na velhice frutificam e são vigorosos, proclamando a justiça do Senhor (Sl 92.12-15). Somente aqueles que confiam em Deus podem de fato sonhar na velhice (At 2.17).

Os ímpios brotam como a erva, rápidos e fáceis. Os malfeitores comumente florescem. Mas, assim como a erva brota rápido e logo é destruída, assim também com o sucesso e a prosperidade longe de Deus, passará rapidamente, porque o mundo e a sua cobiça passam (Sl 92.7; 1 Jo 2.17). Por outro lado, os que temem a Deus são como a palmeira, que fica firme nos lugares mais difíceis, e como o cedro, que cresce nos picos das montanhas, desafiando as tempestades. O segredo para tudo isso é o lugar onde são plantados, na casa do Senhor (Sl 92.13).

A Bíblia fala de um casal que estava na velhice mas que teve experiências marcantes com Deus, ilustrando assim que a idade nunca foi impedimento para Deus usar alguém. Zacarias e sua esposa Isabel. “Ambos eram justos aos olhos de Deus, obedecendo de modo irrepreensível a todos os mandamentos e preceitos do Senhor. Mas eles não tinham filhos, porque Isabel era estéril; e ambos eram de idade avançada” (Lc 1.6-7). Deus prometeu que eles teriam um filho. Zacarias logo perguntou “como”, pois viu na velhice a grande barreira. Mas Deus confirmou sua palavra, porque para ele nada é impossível (Lc 1.18, 36). Aquela experiência do casal de velhinhos testemunhou das misericórdias de Deus e alegrou a muitos (v.58). O menino que deles nasceu foi o precursor da vinda de Jesus, que foi chamado profeta do Altíssimo com boas notícias de salvação (vs. 76-77).

Noé tinha 600 anos quando construiu a arca, Moisés tinha 80 quando foi chamado para libertar o povo de Israel do Egito, Calebe tinha 85 quando recebeu a herança da terra. O trono de Deus é cercado de anciãos (Ap 4.4).

“Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia” (2 Co 4.16).

A capacidade de envergonhar-se

“Ó Senhor, estamos envergonhados por termos pecado contra ti” (Dn 9.8).

Ainda lembro bem do tempo quando crianças e adultos tinham o cuidado de não fazerem certas coisas erradas para não passarem vergonha diante das pessoas. Mas esse tempo ficou para trás. O riso descarado e debochado não é difícil de se ver. Muitos não se incomodam com o erro.

Hoje em dia a violência, por exemplo, está sendo gravada entre jovens e colocada na internet. Em inglês isso é chamado de cyberbullying. As câmeras de segurança já não inibem. Muitos até aproveitam o lembrete, “sorria, você está sendo filmado”, para fazerem gestos obscenos. Outros diante das câmeras se despem e praticam atos inconvenientes e libidinosos, mesmo sabendo que estão sendo vistos por milhares de pessoas. Refiro-me aos programas de reality show. Infelizmente tem aumentado o número dos que não coram de vergonha.

Seiscentos anos antes de Cristo, nos dias do cativeiro babilônico, Deus mandou Jeremias falar ao povo de Judá com uma mensagem de juízo, devido ao seu comportamento vergonhoso. A ganância estava em todos, desde o menor até ao maior; profetas e sacerdotes praticavam o engano. Os líderes faziam de conta que estava tudo bem, quando na verdade o povo estava com a ferida moral exposta. A mensagem açucarada de "paz, paz", não refletia a verdade, pois não havia paz. Mesmo com toda essa conduta detestável, ninguém se envergonhava. Por isso, cairiam e seriam humilhados com o castigo divino, como de fato aconteceu (Jr 6.13-15).

Como bem disse E. H. Chapin: “Toda ação de nossa vida toca alguma corda que vibrará na eternidade”. Estamos nus diante daquele a quem havemos de um dia prestar contas (Hb 4.13). Um dia receberemos dele o que nossos atos merecem. Se alguém não acreditar nisso nada se altera, pois assim será. É preciso purificar-se para aquele dia, para que não nos envergonhemos em sua presença (1 Jo 2.28; 3.3). Essa mudança começa resgatando a capacidade de envergonhar-se de nossos pecados (Ed 9.6).

Quem não tem vergonha de pecar diante de Deus, poderá ser envergonhado para sempre longe de Deus.

A Ciência da Cinésica

“Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros” (Fp 2.4).

O dicionário Houaiss, define cinésica como “parte da semiótica que estuda os movimentos e processos corporais que formam um código de comunicação extralingüística, entre os quais o enrubescimento facial, o menear de ombros, os movimentos de olhos etc.”. Em outras palavras, cinésica é o estudo da linguagem corporal, a comunicação não-verbal. Isso é muito importante porque 60% de toda comunicação envolve linguagem corporal. É por isso que é tão importante ouvir o que não está sendo dito.

Nosso corpo se comunica como um todo. Tudo o que fazemos e como fazemos, comunica algo para as pessoas com as quais nos relacionamos. Nossas palavras, gestos, reações, fisionomia, tom de voz, posição corporal, maneira de sentar, e, a capacidade de ouvir. Saber ouvir é uma arte própria dos sábios. Pouca gente sabe ouvir, talvez porque só consigamos falar em média 150 palavras por minutos, ao passo que enquanto ouvimos, conseguimos processar na mente até 500 palavras por minuto. Essa defasagem de tempo nos faz querer falar mais que ouvir.

A vontade de falar enquanto ouvimos é tamanha que, sorrimos, acenamos com a cabeça e gesticulamos, muitas vezes preparando o que dizer em seguida e não ouvindo com qualidade o que a outra pessoa está nos comunicando. Comumente chegamos ao cúmulo de interromper as pessoas enquanto falam. Está escrito: “Quem responde antes de ouvir comete insensatez e passa vergonha” (Pv 18.13).

Em nossos relacionamentos devemos valorizar o que os outros dizem, mesmo que não concordemos, devemos respeitar as opiniões, atenção concentrada ao ouvir é muito importante, tentar ouvir o que não está sendo dito, ouvir o que pensam de nós, recusarmos responder nossas próprias perguntas, e ser mais ouvinte que conselheiro. São valores especiais na comunicação.

Comunicação é sempre uma via de duas mãos. O problema é que sempre estamos na contramão.

Exercite-se na piedade

“Rejeite, porém, as fábulas profanas e tolas, e exercite-se na piedade. O exercício físico é de pouco proveito; a piedade, porém, para tudo é proveitosa, porque tem promessa da vida presente e da futura” (1 Tm 4.7-8).

Para desenvolver a musculação de nosso corpo, precisamos nos exercitar. Assim também é na vida espiritual. Devemos nos exercitar nas disciplinas cristãs. Caso contrário, atrofiamos.

Em seu livro “Reuniões Atraentes”, Joel Comiskey fala que “um fazendeiro queria entrar no mundo da corrida de cavalos, então comprou um lindo cavalo de corrida. Todos os dias ele limpava o cavalo e cuidava dele. Como não queria exercitar o cavalo, temendo esgotá-lo, usou sua fiel mula para executar os trabalhos da fazenda. No dia da grande corrida, seu cavalo premiado mal conseguia se mover. Seus músculos estavam flácidos e atrofiados. O fazendeiro não teve outra escolha a não ser inscrever sua mula para a corrida”.

Paulo orientou Timóteo, seu fiel companheiro de jornada: “Rejeite, porém, as fábulas profanas e tolas, e exercite-se na piedade. O exercício físico é de pouco proveito; a piedade, porém, para tudo é proveitosa, porque tem promessa da vida presente e da futura” (1 Tm 4.7-8).

A boa disciplina física passa pela rejeição daquilo que seja nocivo para a saúde. Um atleta por exemplo, não deve perder sono, deve evitar gorduras, refrigerantes, e tudo o mais que prejudica o bom desempenho físico. Mas, evitar certas coisas é apenas um dos lados do bom exercício. Faz-se necessário sobretudo, que o atleta se aplica em freqüentes exercícios, caso contrário, ele não chegará a lugar nenhum.

Quando olhamos para o desenvolvimento espiritual, há muitas semelhanças com os exercícios físicos. Assim como o atleta não deve ingerir o que não é nutritivo, devemos evitar ensinos falsos, não condizentes com a ortodoxia bíblica. Devemos nos habituar nas disciplinas cristãs, como, estudo das Escrituras Sagradas, oração, jejum, mordomia, simplicidade, serviço, confissão, adoração, celebração, e outros.

Um cavalo de raça bem treinado, é a melhor opção para a disputa de uma corrida do gênero. Mas, pouco adianta se o cavalo viver preso a um tronco.

É proibida a venda de carne com aponevrose

“Vivam como filhos da luz, pois o fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade” (Ef 5.8-9).

Hoje no açougue enquanto comprava carne, chamou-me a atenção uma placa na parede atrás do balcão. Ela dizia: “É proibida a venda ao consumidor, de carne bovina que contenha aponevrose”.

Eu não conhecia a palavra “aponevrose”. Mas, afinal, o que essa palavra significa?: “Qualquer membrana constituída por fibras conjuntivas densas que envolve um músculo que serve de meio de inserção a um músculo largo ou que forma uma separação entre certos planos musculares”. Em outras palavras, aponevrose é sebo, ou a conhecida pelanca.

Pensando um pouco mais na palavrinha nova que chamou minha atenção no açougue, comecei a refletir sobre as coisas que podemos evitar. Assim como ninguém quer receber pelanca ao comprar carne de primeira, também podemos rejeitar o que não nos faz bem, sem contudo rejeitar as pessoas, ou subestimá-las.

Tenho procurado com a graça de Deus distinguir as pessoas das coisas, pois “a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens” (Lc 12.15). As pessoas valem pelo que são e, independentemente do que façam ou de como se comportem, há em cada um de nós um valor inerente que não deve ser ignorado. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26). Por isso, carregamos em nós mesmos propriedades divinas especiais. Ninguém é imprestável. Pelo contrário, cada um de nós está cheio de preciosidades a serem exploradas e aplicadas no viver diário.

Que Deus nos ajude a diferenciar a carne das pelancas da vida, que as pessoas sempre valham mais que as coisas, que as coisas importantes não sejam trocadas pela tirania do urgente, que nossos valores façam bem a nós e aos outros, e que a certeza do que queremos não nos incomode pelo que os outros nos oferecem.

Nossos valores humanos devem falar mais alto que nossos valores legais. Não devo aceitar pelanca de contrapeso ao comprar filé-mignon. Mas nem por isso devo tratar mau ao açougueiro.

Ela fez o que pôde

“Estou pronto não apenas para ser amarrado, mas também para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus” (At 21.13).

Você já fez o que pôde para Jesus? O que você já fez para Deus que levou pessoas próximas a acharem que você exagerou e desperdiçou o que fez com a intenção de honrar a Deus?

Na véspera da prisão de Jesus, ele se encontrava na pequena aldeia de Betânia que ficava quase 4 km de Jerusalém. Ele participava de uma refeição na casa de um homem chamado Simão, quando aproximou-se dele certa mulher, que no texto paralelo de João 12.3, tratava-se de Maria, irmã de Lázaro. Ela trazia um frasco de alabastro, uma espécie de mármore, contendo um perfume muito caro feito de nardo, um óleo aromático extraído da raiz de uma planta cultivada principalmente na Índia. Ela quebrou o frasco e derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus.

Os presentes repreenderam severamente aquela mulher. Eles ficaram indignados por acharem que ela desperdiçou o perfume, calculado em trezentos denários que poderia ajudar aos pobres.

Jesus defendeu a mulher, reconhecendo que ela havia praticado uma boa ação para com ele. Jesus disse: “Ela fez o que pôde”, e que a atitude dela seria contada em todo o mundo em sua memória.

O contraste disso é que Judas, um dos Doze, se vendeu para os chefes dos sacerdotes a fim de lhes entregar Jesus. Ele traiu Jesus por trinta moedas de prata (Mt 26.15), equivalente a 120 denários, menos da metade do valor do perfume que a mulher usou para ungir Jesus, de acordo com o cálculo das pessoas que presenciaram aquela cena (Mc 14.1-11).

Aquela mulher não chamava a atenção para si mesma. Ela ungiu Jesus numa pequena vila, na casa de um leproso, e não em praça pública. Ela deu o melhor que tinha para honrar ao Senhor. Ela fez o que pôde. E nós o que temos feito?

Faça o que pode para Jesus. Ele o reconhecerá, mesmo que o mundo o deprecie.