Entre a verdade e a realidade

“Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo” (Rm 7.18-19).

Aprendeu a viver bem, quem aprendeu a firmar-se na verdade sem fugir da realidade. Nem sempre a realidade vivida corresponde com a verdade crida. Isso não significa que a verdade confessada não seja realidade diante da realidade experimentada. Pelo contrário, é por causa da verdade que suporto a realidade, sem desesperar jamais, mesmo que nem tudo seja como deveria ser, mas encarando de frente a vida como ela é. Somente quando conhecemos a graça de Deus, é que vivemos na verdade e na realidade.

Não tem medo de honesto com a realidade aquele que conhece o Deus revelado na pessoa de Jesus Cristo e anunciado nas Sagradas Escrituras. É como ilustra a história de um sacerdote de noventa e dois anos que merecia o respeito de todos em sua cidade, devido a vida piedosa que levava. Mas um dia aquele sacerdote sumiu. Todos lhe procuravam pela cidade, mas sem nenhum sinal dele. Depois de um mês foi encontrado no lugar onde sempre participava de um encontro. Ao ser encontrado, todos gritaram: “Padre! – Onde o senhor esteve?” Ao que ele respondeu: “Acabei de sair da cadeia, depois de cumprir uma pena de trinta dias”. Todos ficaram surpresos, pois aquele padre seria incapaz de ferir uma mosca. Ao resumir o que havia acontecido, o padre disse que estava esperando o trem para uma viagem, quando chega uma moça muito atraente trazida por um policial. Diante da autoridade ela disse: “Foi ele. Tenho certeza que foi ele”. Ele disse que se sentiu tão lisonjeado que se declarou culpado.

Acho que o padre ficou tão desejoso de que aquela acusação fosse verdade, que sentiu-se satisfeito em assumir a culpa, culpa essa que todos nós gostaríamos de sentir muitas vezes, de um modo ou de outro. Mas acredito também que a verdade que servia de base para aquele homem, não o anulou diante da realidade.

Entre a verdade e a realidade existem “verdades” e “realidades” das quais não podemos fugir, mas podemos assumir sem precisar sumir. Deus nos ampara.